Os caminhos até a edição definitiva de O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns
Os caminhos até a edição definitiva de O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores DEPARTAMENTO DE MEDIUNIDADE 1 Os caminhos até a edição definitiva de O Livro dos Médiuns ou Guia dos médiuns e dos evocadores Introdução Após 160 anos de seu lançamento, O Livro dos Médiuns é o mais importante guia de estudos para a compreensão e entendimento dos fenômenos mediúnicos. Obra que desenvolve e aprofunda os ensinamentos constantes da Parte Segunda de O Livro dos Espíritos: Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos, teve um caminho de muito amadurecimento até a publicação de sua edição definitiva. Vamos apresentar a trajetória até o lançamento do livro com os textos que conhecemos atualmente, mostrando algumas curiosidades e fatos. Instrução Prática sobre as Manifestações Espíritas Após o lançamento de O Livro dos Espíritos em 18 de abril de 1857 e da Revista Espírita em janeiro de 1858, Allan Kardec publica, em julho de 1858, a obra intitulada Instruction Pratique sur les Manifestations Spirites ou Instrução Prática sobre as Manifestações Espíritas, conforme informado no jornal especializado de obras publicadas na França: Bibliographie de la France - Journal Général de l’Imprimerie et de la Librairie de 31 de julho de 1858 [1]. A curiosidade que merece destaque nesta publicação do jornal se refere ao nome da obra como sendo: Instructions Pratiques sur les Manifestations Spirites (Figura 1). Figura 1 Na Revista Espírita de junho de 1858, no artigo O Espírito Batedor de Bergzabern [2, p.241], encontramos a menção de Kardec sobre uma obra que seria lançada no mês subsequente. No final das edições originais em francês de junho a setembro e de novembro e dezembro de 1858 da Revista Espírita que circularam para os seus 2 assinantes, encontramos páginas extras com a propaganda do lançamento do livro Instrução Prática sobre as Manifestações Espíritas [3]. (Figura 2 e Figura 3) Figura 2 – Revista Espírita de junho de 1858 Figura 3 – Revistas Espíritas subsequentes Durante o ano de 1858, encontramos vários artigos que mencionam o conteúdo de textos com ensinamentos existentes nesta nova obra: no número de julho, no artigo Espíritos Impostores - O falso padre Ambrósio [2, p. 298]; em agosto, no artigo Contradições na Linguagem dos Espíritos [2, p. 332] e em dezembro, no artigo Variedades [2, p.524]. Segundo a descrição de Kardec, a obra Instrução Prática publicada com 146 páginas (Figura 4) é uma exposição completa sobre as condições necessárias à comunicação com os Espíritos e os meios de desenvolver nos médiuns a faculdade mediúnica. Jean Meyer, um dos pioneiros do Espiritismo, quando assumiu a direção da Revista Espírita nos anos 20 do século passado, publicou a segunda edição desta obra em 1923 (Figura 5) Figura 4 – Edição Original de 1858 [4] Figura 5 – 2ª edição de 1923 [4] 3 Este livreto seria uma versão preliminar do que viria a ser o Livro dos Médiuns, lançado em 1861. Composto de onze capítulos dedicados aos estudiosos do fenômeno mediúnico, a obra foi redigida às pessoas que solicitavam de Kardec indicações precisas sobre as condições necessárias a serem preenchidas, com instruções que a conduzissem a serem médiuns. A obra é composta de uma Introdução (páginas 1 a 4); um Vocabulário Espírita (páginas 5 a 49) – com cerca de 160 verbetes abordando o vocabulário utilizado por Kardec; um Quadro Sinóptico (página 50) (Figura 6) – contendo tópicos de uma forma sintética sobre a Nomenclatura Espírita Especial com onze capítulos (páginas 54 a 146). Figura 6 – Tableau Synoptique Na introdução desta obra, Kardec escreve que as manifestações espíritas são originárias de uma multidão de ideias novas que não puderam encontrar representação na linguagem usual e, por este motivo, têm sido expressas por analogia, como acontece no início de toda ciência. Para evitar a ambiguidade dos vocábulos, efetuou em primeiro lugar o inventário de todas as palavras que se referem, direta ou indiretamente, à doutrina espírita, oferecendo, a respeito delas, explicações sucintas e suficientes para fixar e colocar em ordem essas ideias novas e ainda confusas. Informa que, para compreender uma ciência, é preciso, em primeiro lugar, compreender-lhe a terminologia; eis a primeira coisa que o mestre recomendou àqueles que desejam realizar um estudo sério do Espiritismo, além da 4 leitura obrigatória de O Livro dos Espíritos e da Revista Espírita. Instrução Prática sobre as Manifestações Espíritas é, portanto, um dos mais importantes documentos históricos que marcam o início do movimento espírita, trazendo também o vocabulário espírita que é de grande utilidade como fonte de consulta para a compressão e estudo de toda a codificação. O que é o Espiritismo? e O Livro dos Espíritos com cinco partes Entre julho e agosto de 1859, é lançada a obra Qu’est-ce que le Spiritisme ou O que é o Espiritismo [5]. Na Revista Espírita de julho de 1859 encontramos o anúncio de seu lançamento. Segundo Kardec, o livro seria a introdução ao conhecimento do mundo invisível, pelas manifestações dos espíritos, contendo o resumo dos princípios da Doutrina Espírita e respostas às principais objeções que pudessem ser apresentadas. A curiosidade constante deste livro aparece nas páginas 97 a 10 (Figura 7, Figura 8 e Figura 9), onde encontramos o anúncio de uma nova edição de O Livro dos Espíritos - não mais formado por três partes como na 1ª edição de 1857, mas por cinco partes. O quinto livro desta nova edição de O Livro dos Espíritos era intitulado “Manifestação dos Espíritos” (Figura 9) e trazia oito capítulos que tratariam de diversos assuntos relativos à mediunidade, dentre eles: as diferentes naturezas de manifestações dos Espíritos; os diferentes modos de comunicação; os médiuns; as evocações, etc. Em resumo, este capítulo trazia ensinamentos já abordados na obra Instrução Prática sobre as Manifestações Espíritas, mostrando que Kardec pretendia integrar estes ensinamentos em uma edição mais robusta de O Livro dos Espíritos. Este mesmo anúncio sobre O Livro dos Espíritos - contendo cinco partes ou cinco livros - constou na segunda edição da obra O que é o Espiritismo lançada em 1860 [5]. Figura 7 5 Figura 8 Figura 9 Por algum motivo, ainda desconhecido, Allan Kardec mudou de ideia e lançou a segunda edição de O Livro dos Espíritos em março de 1860 contendo apenas quatro partes, como hoje as conhecemos. O conteúdo da quinta parte, ou o chamado quinto livro, passou a integrar uma obra lançada apenas em 1861, que seria chamada de O Livro dos Médiuns. 6 Encontramos na Revista Espírita de fevereiro de 1860, no artigo “Os Espíritos Glóbulos” [6, p.71], uma curiosa informação quando Kardec escreve sobre a teoria das visões e das aparições. O mestre informa que essa teoria era perfeitamente conhecida e que já a havia desenvolvido em vários artigos, especialmente nos números da revista de dezembro de 1858, fevereiro e agosto de 1859, e no O Livro dos Médiuns, ou Espiritismo Experimental. Temos aqui a menção à obra que só seria lançada em 1861 e com um nome diferente, mostrando que Kardec já a estava escrevendo e tinha plano de lança-la brevemente. No número da revista de julho de 1860, em Bibliografia, Kardec anuncia a continuação de O Livro dos Espíritos através de uma obra que teria o título de Espiritismo Experimental, e que este deveria ter sido publicado em abril [6, p.332]. Na Revista Espírita de agosto daquele ano encontramos a informação de que a obra Instrução Prática sobre as Manifestações Espíritas estava inteiramente esgotada e não seria reimpressa, e que ocorreria a substituição por um novo trabalho – que naquele momento estaria no prelo – que seria muito mais completo e que iria seguir um outro plano [6, p.379]. No número de novembro da revista, encontramos novamente um aviso aos leitores que a referida obra estava esgotada e seria substituída por outra, bem mais completa, sob o título de Espiritismo Experimental, que já se encontrava no prelo e iria aparecer no mês de dezembro daquele ano [6, p.524]. O Livro dos Médiuns ou Guia dos médiuns e dos evocadores O título deste livro, que originalmente seria Espiritismo Experimental, foi alterado para O Livro dos Médiuns ou Guia dos médiuns e dos evocadores (Figura 10). O trabalho foi retardado por algumas circunstâncias independentes da vontade de Kardec e, sobretudo, pela maior importância que ele julgava dever lhe dar. Apesar dos vários anúncios na Revista Espírita, a obra foi lançada apenas em janeiro de 1861, conforme a Bibliographie de la France - Journal Géneral de l’Imprimerie et de la Librairie de 19 de janeiro de 1861 [7]. Assim foi anunciada a chegada da nova obra de Allan Kardec na Revista Espírita de janeiro de 1861 [9, p.22]: “O Livro dos Médiuns - Anunciada há muito tempo, mas com a publicação retardada em virtude de sua própria importância, esta obra aparecerá entre os dias 5 e 10 de janeiro, na livraria do Sr. Didier, nosso editor, localizada no Quai des Augustins, 351. Representa o complemento de O Livro dos Espíritos e encerra a parte experimental do Espiritismo, assim como este último contém a parte filosófica.” 7 Figura uploads/Geographie/ os-caminhos-ate-a-edicao-definitiva-lm.pdf
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- Publié le Jul 24, 2021
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