R E G I Ã O A U T Ó N O M A D A M A D E I R A CANAVIAIS, AÇÚCAR E AGUARDENTE NA
R E G I Ã O A U T Ó N O M A D A M A D E I R A CANAVIAIS, AÇÚCAR E AGUARDENTE NA MADEIRA ALBERTO VIEIRA SÉCULOS XV A XX CANAVIAIS, AÇÚCAR E AGUARDENTE NA MADEIRA SÉCULOS XV A XX ALBERTO VIEIRA AUTOR: Alberto Vieira TÍTULO: Canaviais, Açúcar e Aguardente na Madeira. Séculos XV a XX 1ª Edição Outubro de 2004 COLECÇÃO HISTÓRIA DO AÇÚCAR Nº. 3 EDIÇÃO CENTRO DE ESTUDOS DE HISTÓRIA DO ATLÂNTICO RUA DOS FERREIROS, 165, 9004-520 FUNCHAL TELEF. 291-214970/FAX: 291-223002 Email: ceha@nesos.net. Webpage: http://www.ceha-madeira.net TIRAGEM: 2000 exemplares IMPRESSÃO: Printer Portuguesa DEPÓSITO LEGAL: 214 787/04 ISBN: 972-8263-V3-0 SECRETARIA REGIONAL DO TURISMO E CULTURA CENTRO DE ESTUDOS DE HISTÓRIA DO ATLÂNTICO 2004 CANAVIAIS, AÇÚCAR E AGUARDENTE NA MADEIRA SÉCULOS XV A XX ALBERTO VIEIRA A presente publicação enquadra-se nas actividades do Projecto “Atlântica. O Açúcar e a Cultura nas Ilhas Atlânticas”. Programa de Iniciativa Comunitária Interreg III B. Espaço Açores-Madeira-Canárias. Sócios intervenientes no Projecto: • Centro de Estudos de História do Atlântico • Ayuntamiento de Los Lanos de Aridane • Ayuntamiento de la Villa de El Ingenio • Universidad de Las Palmas de Gran Canaria • Universidad de La Laguna • Saturno • Direcion General de Património Histórico/Viceconsejaria de Cultura y Deportes ABREVIATURAS ARM-Arquivo Regional da Madeira ANTT-Arquivo Nacional da Torre do Tombo/Arquivos Nacionais AHU- Arquivo Histórico Ultramarino AF- Afândega do Funchal DA- Documentos Avulsos Cx- caixa JRC- Julgado dos Resíduos e Capelas CMF- Câmara Municipal do Funchal Ob.cit.- obra citada RGCMF- Registo Geral da Câmara Municipal do Funchal PJRFF- Provedoria e Junta da Real Fazenda do Funchal Cofinanciado pelo FEDER ABREVIATURAS 6 APRESENTAÇÃO 15 CAP 1. INTRODUÇÃO- para a história do açúcar 17 Da Papua Nova Guiné à Madeira 19 A Beterraba e o Açúcar 22 Cronologia 33 Bibliografia Fundamental 36 A Historiografia e a questão Açucareira na Madeira 49 Mitos e Teses da História do Açúcar 57 A Madeira e o Açúcar no Mundo Insular 63 A projecção da Madeira no mundo açucareiro 65 A tradição cultural do açúcar 71 AGRICULTURA MADEIRENSE 75 A economia da madeira e a evolução do quadro natural 77 A cana-de-açúcar e meio ambiente 82 Rotas de migração: homens, plantas e mercadorias 83 O madeirense e o meio natural 85 A Cana-de-açúcar devora a paisagem 88 O regime de propriedade da terra e da água 98 O contrato de colonia 105 O poder da água 109 Uso e abuso da água 112 Formas de Exploração e domínio 121 DOS CANAVIAIS AO ENGENHO 136 Os canaviais nos séculos XVII e XVIII 143 Os canaviais nos séculos XIX e XX. O Regresso e Nova Esperança 150 Canaviais e Plantação 163 A questão Hinton 173 O Hinton e a Indústria do Açúcar e do Álcool 178 Legislação sobre o Açúcar e Derivados da Cana 183 ANEXOS: João Higino Ferraz 193 9 Canaviais, Açúcar e Aguardente na Madeira • Séculos XV a XX 8 Alberto Vieira Índice Açúcar mascavado a secar. Santa Catarina (Brasil) 2003 CAP.4: O MERCADO DO AÇÚCAR, ÁLCOOL E AGUARDENTE 319 O Consumo do Açúcar 321 As Conservas e Doçaria 336 O dispêndio do Açúcar dos direitos 342 As Formas de troca 343 CAP. 5 ROTAS E MERCADOS 347 As formas de troca 362 Os preços do Açúcar 363 O Comércio Atlântico e o Açúcar 366 O Açúcar do Brasil 373 Diogo Fernandes Branco - um caso exemplar. 381 O comércio de açúcar com a Europa 382 Os mercadores do açúcar 383 Os Italianos 387 A comunidade Sefardita da Madeira e o Açúcar no Atlântico 398 O Açúcar Madeirense nos séculos XVIII e XX 401 CAP.6. AÇÚCAR E PATRIMÓNIO 411 As etapas de povoado a cidade 413 CAP. 7: ADMINISTRAÇÃO E DIREITOS 431 Finanças Públicas e o Açúcar 439 Encargos fiscais 444 ANEXO: Sumários da legislação 445 11 Canaviais, Açúcar e Aguardente na Madeira • Séculos XV a XX CAP. 2. A AGRO-INDÚSTRIA 197 Os engenhos madeirenses 201 As Serras de Água 222 O Engenho 224 O Engenho e a época da Revolução industrial 231 O fabrico de açúcar, álcool e aguardente 233 A Família Hinton: Engenhos e Açúcar 249 O preço do engenho 255 O fabrico do açúcar 260 Organização espacial do engenho 261 ANEXOS: apanha da cana 266 O engenho ou casa de moer 267 Casa das Caldeiras 271 Limpeza e purificação do caldo 274 O cozer e bater do melado 275 O temperar do melado 276 As formas e a purga 277 A Casa de Purgar 278 O tirar, mascavar e secar 280 CAP.3: AÇÚCAR COM E SEM ESCRAVOS Escravos com e sem açúcar 285 Proprietários de escravos, canaviais e engenhos 296 A evolução do açúcar e dos escravos 299 Trabalho para escravos e libertos 304 ANEXO: Ofícios ligados ao açúcar 312 10 Alberto Vieira 13 12 Canaviais, Açúcar e Aguardente na Madeira • Séculos XV a XX Alberto Vieira Interior de engenho em Cuba, Cantero y Paplante, 1857 Moenda a vapor tipo Stewart Panela de Vacuo L’índustrie sucrière est une dês plus compliquées et aussi des plus belles que lón puisse étudier, car elle s’étend sur les questions agricoles, chimiques, mécaniques, économiques et commerciales, et qui la connait bien doit savoir toutes les sciences à la fois. (P. Horsin-Déon, Le Sucre et L’Industrie sucrière, Paris, 1894, p.5) L’industrie sucrière a compris ume des premières tout le parti quélle pouvait tirer de ses usines dês laboratoires pour l’essai chimique dês matières premières dês produits dês différents phases de la fabrication ainsi que dês matières auxiliaires dont elle fait usage. En controlânt sci- entifiquement toutes ses opérations industrielles, la fabri- cant de sucre inevitable, à regler les conditions de l’épura- tion du jus et de la cristallisation des produits concentres. [D. Sidersky, Manuel du Chimiste de Sucrerie, Paris, 1909.] La industria azucarera es una industria universal que constituye la base economica de muchos paises, en la cual Libran la subsistencia millares de obreros y técnicos azu- careros. [F. A. Lopez Ferrer, Fabricación de Azúcar de Caña Mieles y Siropes Invertidos com su Control Técnico-Quimico, Habana, 1948, p.V] The sugar industry, like many others of such complex nature, is one of great specialization. [Andrew Van Hook, Sugar its Production, Technology and uses, N. York, 1969, p.III] APRESENTAÇÃO A Europa sempre se prontificou a apelidar as ilhas de acordo com a oferta de produtos ao seu mercado. Deste modo, sucedem-se as designações de ilhas do pastel, do açúcar e do vinho. O açú- car ficou como epíteto da Madeira e de algumas das Canárias, onde a cultura foi a varinha de condão que transformou a economia e vivência das populações. Também do outro lado do oceano elas se identificam com o açúcar, uma vez que serviram de ponte à passagem do Mediterrâneo para o Atlântico. Daqui resulta a relevância que assume o estudo do caso particular destas ilhas, quan- do se pretende fazer a reconstituição da rota do açúcar. A Madeira é o ponto de partida, por dois tipos de razões. Primeiro, porque foi pioneira na exploração da cultura e, depois, porque jogou papel fundamental na expansão ao espaço exterior próximo ou longínquo, incluídas as Canárias. A rota do açúcar, na transmigração do Mediterrâneo para o Atlântico, tem na Madeira a prin- cipal escala. Foi na ilha que a planta se adaptou ao novo ecosistema e deu mostras da elevada quali- dade e rendibilidade. Deste modo a quem quer que seja que se abalance a uma descoberta dos canaviais e do açúcar, na mais vetusta origem no século XV, tem obrigatoriamente que passar pela ilha. Foi aqui que se definiram os primeiros contornos desta realidade, que teve plena afirmação nas Antilhas e Brasil. A cana-de-açúcar iniciou a diáspora atlântica na Madeira. Aqui surgiram os primeiros contornos sociais (a escravatura), técnicos (engenho de água) e político-económicos (trilo- gia rural) que materializaram a civilização do açúcar. Por tudo isto torna-se imprescindível uma análise da situação madeirense, caso estejamos interessados em definir, exaustivamente, a civiliza- ção do açúcar no mundo atlântico. A história do açúcar na Madeira confunde-se com a conjuntura de expansão europeia e dos momentos de fulgor do arquipélago. A sua presença é multissecular e deixou rastros evidentes na sociedade madeirense. Dos séculos XV e XVI ficaram os imponentes monumentos, pintura e a ourivesaria que os embelezou e que hoje jaz quase toda no Museu de Arte Sacra. Do século XIX e do primeiro quartel da nossa centúria perduram ainda a maioria dos engenhos da nova vaga de cul- tura dos canaviais. Aqui, a cana diversificou-se no uso industrial, sendo geradora do álcool, aguardente e, raras vezes, o açúcar. Foi certamente neste momento que surgiu a tão afamada pon- cha, irmã do ponche de Cabo Verde e da caipirinha no Brasil. O açúcar é de todos os produtos que acompanharam a diáspora europeia aquele que moldou, com maior relevo, a mundividência quotidiana das novas sociedades e economias que, em muitos casos, se afirmaram como resultado dele. A cana sacarina, pelas especificidades do cultivo, espe- cialização e morosidade do processo de transformação em açúcar, implicou uma vivência particu- 15 uploads/Geographie/historia-do-acucar-na-madeira-seculos-xv.pdf
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- Publié le Jul 25, 2022
- Catégorie Geography / Geogra...
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