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Atividade dirigida 1. Identifique duas questões pertinentes a uma reflexão sobre a linguagem, já em andamento na antiguidade clássica, que estão presentes, ou foram retomadas na linguística contemporânea, apontando semelhanças e/ou diferenças em seu tratamento em cada um desses momentos da história do pensamento linguístico. Os pensadores da antiguidade clássica trouxeram reflexões sobre a linguagem que continuam a instigar e a fundamentar pesquisas na área ainda hoje. É impossível, por exemplo, compreender plenamente a linguística contemporânea sem refletir sobre Crátilo, de Platão, e os questionamentos relativos à contribuição do significado das palavras para o conhecimento das coisas. Nesta obra, elaborou- se pela primeira vez pensamentos relativos à natureza da linguagem e do significado. Tais questões continuariam sendo desenvolvidas no século XX, quando a obra intitulada Linguística Geral trouxe as ideias de Ferdinand Saussure sobre a arbitrariedade do signo linguístico e a dicotomia significado-significante. Além disso, outro aspecto fundamental é a ideia proposta por Platão de que o conhecimento já se encontra implantado na alma humana desde o nascimento, aludindo a uma hipótese inatista (PIMENTA-BUENO, 2004). Esta hipótese foi posteriormente resgatada por Noam Chomsky na tentativa de criar um modelo que explicasse o processo de aquisição da linguagem, no qual, segundo ele, a criança seria biologicamente programada com habilidades que permitem adquirir uma língua. Outro pensador fundamental é Aristóteles que, por sua vez, propôs que a análise do significado dos signos deveria se realizar através da relação entre a palavra e coisa, mas intermediada por uma entidade mental, ultrapassando a ideia de arbitrariedade de Platão (PIMENTA-BUENO, 2004). Portanto, se os signos são arbitrários, a entidade mental não o é, uma vez que deriva do conhecimento das coisas. Assim, o significado do signo passa a ser seu conteúdo mental. Muitas teorias foram desenvolvidas na tentativa de elaborar a colocação de Aristóteles, buscando modelos que explicassem as “afecções mentais”, o que deu origem às noções de “conceito, ideia, representação mental entre outras.”(MARCONDES, 2010, p.10). Além disso, Aristóteles defendia que as idéias são adquiridas através da experiência, elaborando, assim, um conceito empirista para a aquisição do conhecimento (PIMENTA-BUENO, 2004). Conceito esse que seria retomado posteriormente pelos behavioristas, que acreditavam no conhecimento oriundo de experiências externas à mente humana. Concluindo, encontramos, nas bases do pensamento clássico, ideias que viriam influenciar muitos outros pensadores como, por exemplo, Descartes, Leibniz e Spinoza. Pensadores que tentaram estabelecer uma ponte com o que era inato, vendo a mente humana como um mecanismo de domínio-específico, aproximando- se de uma corrente contemporânea conhecida como Gerativismo. Por outro lado, encontramos, também, pensadores como Locke, Berkeley, Hume, que refletiram sobre um conhecimento derivado da interação sensorial, experiencial ou empírica com o mundo, em que os processos que governam a cognição decorreriam dos processos que governam a percepção. Diferenças entre a cognição e a percepção seriam quantitativas e não qualitativas, aproximando-se de uma corrente contemporânea conhecida como Behaviorismo. 2. Identifique, no período conhecido com Idade Média, pensadores e/ou correntes do pensamento que trouxeram avanços na reflexão sobre a linguagem, apresentando essas contribuições e considerando em que medida estas se fazem presentes na linguística contemporânea. Entre os séculos XII e XIII, ocorreu um recuo do pensamento platônico e um avanço do aristotélico, que, integrado ao pensamento teológico-cristão da época, deu origem à Filosofia Escolástica, foi o período dessa época mais significativo para a história dos estudos linguísticos, pois até então os trabalhos linguísticos tinham uma finalidade pedagógica (PIMENTA-BUENO, 2004). Os escolásticos ressurgiram com a ideia de um sistema filosófico universal, eles queriam reduzir todas as ciências e o pensamento científico a um conjunto de proposições verdadeiras, que a verdade pudesse ser demonstrada por um conjunto de princípios básicos, que são válidos universalmente. Essa ideia escolástica acabou por refletir nos estudos linguísticos na Idade Média, os gramáticos dessa época tentaram identificar os princípios universais dos quais a Gramática, a Lógica e a Epistemologia eram derivadas. A gramática especulativa foi o resultado da junção entre a descrição gramatical do latim ao sistema da filosofia escolástica. De acordo com essa ideia, a simples descrição do latim era considerada inadequada, mesmo que ainda muito utilizada em uma perspectiva pedagógica. Os estudiosos dessa área se debruçaram na tentativa de determinar as origens da gramática e os princípios universais a que elas se referiam. Ao contrário das gramáticas didáticas, a gramática especulativa tinha um propósito científico, sendo elaborada com fins teórico-especulativos (PIMENTA- BUENO, 2004). Além disso, essa gramática focava na sintaxe, interessando-se em assuntos como a regência e transitividade nominal e verbal, e relacionando as classes de palavras com as funções sintáticas. O pensamento linguístico da idade média põe em evidência, ainda, a importância dos modistas para os estudos linguísticos daquela época Naquele cenário, a educação medieval tinha como base o latim, que era a língua considerada de erudição, que foi um instrumento de poder e que se encontrava, majoritariamente, nas mãos da igreja católica. Deste modo, a predominância dos estudos linguísticos se deu na perspectiva da gramática latina, além de ter uma grande ênfase nas 7 artes liberais (Gramática, Dialética (Lógica), Retórica, Música, Aritmética, Geometria e Astronomia) e, assim, passou a ser a base da erudição medieval, configurando uma grande fonte de estudos naquele momento histórico. Os estudos da gramática latina sob a ótica das gramáticas didáticas (elaboradas por Donatus e Priscianus) eram extremamente práticos e normativos (com foco mais em dados, utilizando citações extraídas de textos clássicos) e tinha um claro propósito didático-pedagógico. As gramáticas elaboradas sob a égide da Escolástica, por outro lado, tinham um foco maior em teoria, ao formularem seus próprios exemplos, não necessariamente levando em consideração os modelos baseados em enunciados reais e falados, configurando fins teórico-especulativos, sendo, portanto, marcadas por um evidente propósito científico. As atividades missionárias da igreja forneceram vasta contribuição para os estudos lexicais e de gramática, para a investigação linguística (inclusive de outras línguas, além do latim). Para Robins (1979), estudar a obra dos gramáticos especulativos - não apenas com o propósito de se observar como o pensamento linguístico está ligado ao contexto intelectual de uma época, mas também com o intuito de avaliar a importância de suas ideias para a resolução de problemas atuais da teoria e análise da linguagem - mostram em que medida estas correntes de pensamento se fazem presentes na linguística contemporânea. Os gramáticos medievais aceitaram como categorias linguísticas universais as partes dos discurso propostas nas gramáticas de Donatus e Priscianus, restando aos gramáticos especulativos a tarefa de determinar suas origens, isto é, princípios universais de que as referidas categorias derivariam. (PIMENTA-BUENO, 2004). Nesse período, além das contribuições no campo da sintaxe e da morfologia, houve também indagações dos mais importantes temas relacionados com as tentativas de compreender a linguagem e o papel que ela desempenha na vida do indivíduo e da sociedade, como a identificação dos princípios universais dos quais as categorias da Gramática, da Lógica, da Epistemologia e da Metafísica seriam derivados - temas esses que ainda são incansavelmente discutidos na contemporaneidade. Ao reconhecer que muitos dos pensadores que figuravam na Idade Média buscavam um sistema de conhecimento em que todos os ramos e disciplinas tivessem os mesmos princípios filosóficos e religiosos - e esforçaram-se em assentar todas as ciências sobre fundamentos solidamente estabelecidos -, podemos observar alguns dos avanços trazidos pelas correntes de pensamento da idade média em uma reflexão sobre a linguagem. 3. Explique o que se entende por Gramática Racional, dos gramáticos de Port Royal do século XVII, considerando em que medida sua proposta introduziria uma “revolução” (adaptando o conceito de Kuhn) no estudo da linguagem. Os gramáticos de Port-Royal publicaram a Gramática Racional em 1660 na França (PIMENTA-BUENO, 2004). A proposta dessa gramática era ajustar os fatos gramaticais a formas lógicas, retomando as preocupações universalistas das gramáticas teórico-especulativas trazida pelos escolásticos na Idade Média. Queriam também mostrar que a linguagem, reflexo do pensamento, é fundada na razão. Na Gramática de Port- Royal, a frase não apenas passa a ser tomada como uma unidade linguística, como também passa a ser vista como comportando constituintes. Ademais, já se prenunciam nos trabalhos de Port-Royal as noções de estrutura superficial e estrutura profunda, que seriam retomadas e aprofundadas pela Escola Gerativista, no século XX, sendo claro o reconhecimento, pelos gramáticos de Port-Royal, da insuficiência de estudos linguísticos centrados exclusivamente na estrutura superficial (PIMENTA-BUENO, 2004). Dentre os nomes que merecem destaque dentre os gramáticos de Port-Royal estão Antoine Arnauld e Claude Lancelor. Este último, tendo como fonte as ideias do francês Blaise Pascal, um matemático de primeira grandeza, ao qual se atribuem a teoria da probabilidade e importantes contribuições à teoria dos números e à geometria - e cuja obra deu um enorme impulso ao método científico no século XVII - desenvolveu um método, o Nouvelle Méthode pour Apprendre La Langue Grecque, considerado revolucionário em sua época, para ensinar o latim a crianças a partir da língua nativa delas (o francês). Além do Nouvelle Méthode pour Apprendre La Langue Grecque, Lancelor foi autor de outras obras, como Nouvelle Méthode pour Apprendre La Langue Italienne e Nouvelle Méthode pour Apprendre La Langue Espagnole, e, em todas elas, uploads/Litterature/ atividade-dirigida.pdf

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